
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
para os momentos febris

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
A previsibilidade imprescindível
domingo, 21 de dezembro de 2008
Uma primavera

Em 2009, entro no segundo ano do doutorado, iniciando a pesquisa de campo, uma observação participante da rotina de apuração de dois jornais impressos.
Continuo com o mesmo gás. A paixão pelo 'periodismo', apesar de embaçar um pouco a vista (aliás, como qualquer paixão que se preze), é um combustível e tanto para continuar.
Obrigada pela participação de todos. Usem e abusem deste espaço, sempre. E que venha 2009.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Average Age
Ontem, um professor me mostrava, entre desolado e estupefato, um trabalho de conclusão de curso de graduação que poderia figurar em qualquer lista de "mil exemplos de como não fazer um projeto acadêmico", com grandes chances de levar o primeiro lugar.
As pérolas eram muitas, com destaque para uma desavergonhada e matreira tentativa de não dizer nada de forma bem bonita e empolada, com requintes de malícia ao citar, logo no início, um escritor germânico dos mais densos e fundadores. Esperto, o cidadão.
Mas a cereja do bolo, a que me fez estarrecer diante da sem-vergonhice, estava, pasmem, escondidinha no resumo em inglês da 'monografia'. Uma das palavras-chave do abstract era Average Age. Fiquei sem entender o que a média de idade tinha a ver com o trabalho, que nada versava sobre estatística, faixa etária ou congêneres.
A dúvida se dissipou num segundo. O filiesteu se referia mesmo era ao período histórico da Idade Média, inadvertidamente traduzido como Average Age pelo Google ou outra ferramenta semelhante. Correção: a tradução rasteira não é falha do engenho de buscas, que na prática traduziu corretamente, mas da falta de senso e responsabilidade de quem delegou 100% à Web um trabalho que era pessoal e intransferível.
E caiu a máscara do futuro bacharel, gongado logo pelo utilíssimo Google, o melhor amigo dos estudantes, em sua maquiavélica tentativa de levantar vantagem em cima dos trouxas.
A Academia, esse palco tragicômico, tem dessas idiossincrasias.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Eu vou

Com o objetivo de contribuir com as discussões acerca do ensino e da prática do jornalismo, bem como de fortalecer a campanha em defesa do diploma, será realizado no Recife, no próximo dia 12 de dezembro, o ENCONTRO NORDESTINO DE PROFESSORES DE JORNALISMO.
Será uma jornada cuja meta é uma maior aproximação entre instituições, profissionais e estudantes, buscando novos espaços de articulação e, assim, a troca de experiências, o aprofundamento dos debates e o planejamento de possíveis ações conjuntas.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Diga 33!
Porque hoje no céu Vênus entrou em Aquário - e eu não faço idéia do que isso signifique -, e porque não sou de guardar segredos (vide a profissão que abracei), brado logo aos quatro ventos que chegou a minha vez de dizer 33. E, reparem só a audácia, ainda me sinto com 16. Não sei se isso é bom ou ruim, mas feliz eu sei que estou. Se não for muita infâmia uma auto-indulgência, permitam-me que solte um "meus parabéns a mim"!
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
A Santa do Oiteiro
Chamem-me antiquadamente crédula, espiritualmente piegas, mezzo espírita/mezzo católica, ecumênica ou simplesmente simpatizante das coisas imateriais e não comprováveis. Podem me enquadrar em qualquer dessas classificações, que nenhum mal estarão me fazendo. Na verdade, confesso de peito aberto que me amarro na Santa do Oiteiro de que falo no título deste post. "Cêça", no linguajar doce dos devotos recifenses, oficialmente conhecida por Nossa Senhora da Conceição, cujo dia de hoje, 08 de dezembro, é dedicado em sua homenagem no país inteiro.
A imagem de Ceça, aqui no Recife, fica localizada no morro homônimo, próximo da minha casa, zona norte. Tenho a sorte de (quase) espreitá-la todos os dias, da área de serviço do meu apartamento. A imagem tem quase seis metros, mas a distância e os prédios acabam impedindo minha visão total. A gente sempre trava umas conversas interessantes - com muitos pedidos, igual número de agradecimentos e troca de olhares (tudo bem, sou em quem olho, ela só aceita o olhar em sua direção).
Há 33 anos, minha mãe, grávida de 9 meses, subiu o morro (numa maldade bem intencionada do meu pai) para agradecer pela minha chegada, que viria menos de um dia depois. Há 7 anos, eu me casava no mesmo dia, pois não me imaginaria participando de qualquer ritual de passagem que fosse caso não estivesse sob a sua bênção.
Não tenho vergonha de dizer essas coisas, mesmo num espaço acadêmico e correndo o risco de ser ridicularizada pelos meus pares. Cresci vendo os romeiros de azul e branco, decorei e cantei à exaustão a belíssima versão de uma agência de publicidade para o hino da santa (incessantemente veiculada na programação televisiva dos anos 80, em Pernambuco), agarrei-me a ela nos momentos mais punk, bem como nos de maior redenção da minha vida.
Iria passar por uma cirurgia definitiva? Lá estava ela em meus pensamentos. Os médicos vaticinavam que eu nunca seria mãe? Meu pensamento era nela. Varava a madrugada sofrendo as dores do parto? Dona Ceça estava lá, olhando para mim do seu morro. Iria passar por um, por dois partos? Em ambas as vezes ela me acompanhou, através de um papelzinho que foi devidamente amassado a cada aparição violenta das contrações. Eu e minhas meninas levamos a marca - Maria - no nome. É lógico, e podem rir à vontade, mas foi uma forma de prestar nossa admiração e agradecimento.
Até fiz um paralelo com o jornalismo para 'justificar' meu post-reverência. Numa sacada de mestre, instalaram uma câmera na parte superior da imagem, aqui no Morro da Conceição, para transmissão em tempo real do "olhar da santa". Até poucos minutos, estava no ar. Agora, não mais. O link deve ter caído. Uma pena. Daria um belo comentário sobre o caráter de ubiqüidade que o jornalismo insiste em passar ao mundo. Mas que não se iguala, perdoem-me os céticos colegas, à presença natural, assustadoramente forte e igualmente singela, que a santa do oiteiro tem sobre mim e todos os seus milhares de almas vestidas de azul e branco, hoje e sempre.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
um zeitgeist só meu

sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Narciso e o espelho

terça-feira, 18 de novembro de 2008
O Quereres
Já que fiz a lição de casa e postei anteriormente sobre um pedaço da minha pesquisa, sinto-me 'livre' para um comentário parcialmente desconectado ao tema do blog.
Quando decidi embarcar de vez na vida acadêmica, tive que, naturalmente, fazer escolhas. Larguei meus dois empregos estáveis (nunca pensei que seria tão difícil entregar a 'azulzinha' no departamento pessoal) e, junto a eles, um relativo conforto material e uma despreocupação com assuntos bancários.
Adeus carro, corridas de táxi, gastos 'supérfluos' (se alguém souber de um arreio para barrar a visão de algumas lojas, me avise) e bem-vinda estava eu ao mundo estudantil novamente, formado por uma bolsa de pesquisa e freelas ocasionais.
Demorei pelo menos uns seis meses para cair na real. Seria extremamente demagógico da minha parte afirmar que está sendo tudo lindo e romântico. Não há lá muita beleza em voltar a andar de ônibus depois de tanto tempo. Bem como não é com um sorriso no rosto que penso na mensalidade da escola das minhas filhas e contas em geral.
No entanto, dá para extrair uns momentos interessantes - na falta de melhor palavra - desse novo modus vivendi. Principalmente depois que perdi meu olhar de turista, para adquirir o olhar de uma 'local' que ainda se admira com as coisas 'pequenas' do cotidiano.
Na segunda-feira, voltando da Universidade para casa, no final da tarde, acompanhei uma cena que não me saiu da cabeça. No trajeto do ônibus, uma mulher com dois filhos pequenos sentou-se à minha frente. Bem arrumados e humorados, os meninos olhavam curiosos para tudo o que aparecesse pela janela.
Travaram uma 'conversa' com passageiros de um carro que parou ao lado do ônibus quando o sinal fechou. Quando o farol abriu, eles acenaram aos rapazes, que aceleraram e passaram à frente na avenida. O mais novo (uns quatro anos) virou-se para a mãe e disparou: "Mãe, eu quero andar de carro! Por que a gente não 'tá num?" A mãe olhou para ele, mas não respondeu. O mais velho (seis anos) tratou de satisfazer a curiosidade do irmão: "É porque a gente não pode, né, mãe?". A mulher desviou o olhar dos meninos e, nesse momento, cruzou o olhar com o meu. Covardamente, confesso, eu também desviei.
Lá e cá, tal e qual
No período de 21 de setembro de 2007 a 17 de outubro de deste ano, cataloguei e analisei 47 notícias sobre estrangeiros na Alemanha e nordestinos no Brasil, nos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Süddeutsche Zeitung e Augsburger Allgemeine. No caso da Alemanha, 16 matérias, e do Brasil, 31 textos. Faz parte de um artigo sobre o uso deliberado de elementos de 'objetividade' no jornalismo, de modo a encobrir estereótipos e conceituações de senso comum.
Segue um breve 'retrato' midiatizado de nordestinos e estrangeiros, pela amostra analisada:
Nordestinos em jornais do Sudeste | Estrangeiros em jornais alemães |
Pobre/sem recursos – 20,5% das recorrências | Recusa-se ou dificulta integração – 11,9% das recorrências |
Trabalhador/Esforçado –16% | Baixa escolaridade/Despreparado 9,5% |
Associação à seca – 10,2% | Pobre/sem recursos/sub-empregado – 7 |
Criativo/Talento artístico – 7,3% | Vítimas do preconceito/dificuldades – 9,5% |
Tradicionalista/Conservador – 10,2% Religioso/Supersticioso – 7,3% | Pouca ou nenhuma fluência no idioma –9,5% |
Pessoas caricaturais/exóticas – 5,8% | |
Vontade/necessidade de migrar – 4,4% | Relação com criminalidade –7% |
Solidário – 4,4% | Vontade/necessidade de imigrar 7% |
Associação ao cangaço – 2,9% | Trabalhador/esforçado –7% |
Gosto pelo jogo – 2,9% | Associação ao desemprego –7% |
Humildade – 2,9% | Tradicionalismo/Conservadorismo –4,7% |
Forasteiro, inadimplente, persistente, desapegado ao trabalho, amante da natureza, associação à violência e ao desemprego, com 1 recorrência cada (1,4% cada) | Temperamento afável –2,3% |
Criatividade/Talento artístico 2,3% | |
Mau caratismo –2,3% | |
Excesso de estrangeiros no País –2,3% |
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
O self, o ID, ou seja lá quem for

sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Os outros são os outros

Não consegui confirmar, em fonte minimamente fidedigna, a autoria desse excerto como sendo do 'velho safado' do Bukowski mesmo. Quem souber, me avise, por favor.
A menção ao preconceito no texto atribuído ao escritor é a deixa para comentar meu mais recente artigo. Numa análise de representação midiática do nordestino no Sudeste brasileiro e do estrangeiro na Alemanha, identifiquei na amostra recolhida em matérias de quatro jornais impressos (dois do Brasil e dois germânicos) o reflexo do velho e indefectível senso comum: a maior parte dos textos retrata o migrante e o imigrante sob a ótica da pobreza, falta de recursos e da sub-empregabilidade.
Não que esses dois grupamentos não estejam inseridos nesse contexto, pois muitas vezes estão, mas é que ainda são raras as aparições desses personagens em matérias que não estejam, necessariamente, fazendo referência a essa condição de, por assim dizer, subalternidade.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Enunciação nas mídias

O evento terá como palestrantes os professores José Luiz Fiorin, da USP, e Antônio Fausto Neto, da Unisinos. Virgínia Leal, do Programa de Pós-Graduação em Letras e diretora do Centro de Artes, e Alfredo Vizeu, do PPGCOM e coordenador do Grupo de Pesquisa Jornalismo e Contemporaneidade, atuarão como debatedores.
As inscrições são gratuitas e já podem ser feitas pelo e-mail ppgcomufpe@yahoo.com.br
Para isso, basta colocar o título do seminário em “Assunto” e informar o nome completo, e-mail e telefone no corpo da mensagem.
Confira a programação:
Seminário Enunciação nas Mídias
Dia 30/10/2008
09:00 – 09:30 – Abertura
09:30 – 12:30 – Conferência 1. As categorias da enunciação nas mídia. Conferencista: José Luiz Fiorin (USP:FFLCH). Coordenador: Yvana Fechine (UFPE:PPGCOM). Debatedor(a): Virgínia Leal
12:30 – 14:30 – Almoço
14:30 – 17:30 – Conferência 2. Midiatização e os ‘novos regimes’ da enunciação midiática. Conferencista: Antonio Fausto Neto (Unisinos). Coordenadora: Cristina Teixeira UFPE:PPGCOM). Debatedor: Alfredo Vizeu (UFPE:PPGCOM)
terça-feira, 14 de outubro de 2008
meu nariz empinado à ética

A ética do jornalista é a mesma ética do carpinteiro, parafraseando a genial sacada de Cláudio Abramo. E embalada nesta cantiga eu escanteei um estudo mais aprofundado sobre a questão por muito tempo.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
"Marqueting"

cordial’. Com o aporte dos resultados alcançados após um mês de análise do comportamento de dois grandes jornais nordestinos em face do recebimento diário de releases de uma assessoria de comunicação, pôde-se traçar um paralelo entre o jornalismo considerado ‘ideal’ e aquele que é efetivamente realizado, no qual investigação, compromisso com os fatos e a própria ética
tendem a assumir, por vezes, um papel secundário.
Palavras-chave: jornalismo, Ética do Jornalismo, Assessoria de Imprensa.
This article wishes to bring into the discussion a modality of journalism practice that takes the opposite route to the definitions used in the professional and academic areas to portray the traditional journalistic activity: the laziness in the news room and the outsourcing of enquiries through the press relation agencies, coming with the image of the “friendly reporter”. With the results of a month of analysis of the behaviour of two big newspapers from the Brazilian Northeast area compared with the daily press releases received from a PR agency, it was possible to make a parallel between what’s considered “ideal” journalism and what is
really done, where investigation, a compromise with the facts and even the ethics assume, from time to time, a secondary role.
Key words: Journalism, Journalism Ethics, Press Relation Agencies.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Emulsão Scott

quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Nós e os outros
Sempre me intrigou a temática do 'outro'. O estrangeiro, o migrante, o imigrante, o que não 'pertence' originalmente ao lugar de onde se fala. Talvez por ter estado, muitas vezes, do 'lado de lá'. Já fui nordestina vivendo no Sudeste. Já fui latina morando na Europa. Talvez resida aí meu interesse.
Numa pesquisa que ando tocando para finalizar um artigo justamente sobre o tema (a representação midiática dos nordestinos no Brasil e dos estrangeiros na Alemanha), acabei me surpreendendo com um elemento-surpresa.
Meu objetivo era ter como corpus de análise apenas textos de jornais que tratassem desses personagens, de modo a identificar presenças, diferenças e recorrências no modo em que esses públicos têm sido retratados por parte da imprensa. O que não me passava pela cabeça era a riqueza de material que encontraria nos comentários dos usuários/leitores dessas matérias.
Confesso que venho me assustando com a permanência da intolerância. E também, que bom, com a lucidez de muitos leitores. Em especial, queria destacar uma matéria veiculada no Süddeutsche Zeitung, no dia 17 de setembro passado.
O texto traça o perfil e fala sobre como anda a vida de um jovem (21 anos) de origem turca, após ser atacado violentamente por um igualmente jovem alemão, em Munique, pela velha torpe e estúpida causa da intolerância racial. (o termo vem por pura falta de melhor definição, pois considero que raça, além de não significar patavinas, nem sequer existe mais formalmente. a respeito, artigo interessante de Dráuzio Varella, na FSP)
Bom, o fato é que o texto suscitou 41 comentários até agora. O interessante é que os usuários podem valorar as opiniões em boas e más. Há visões nos extremos. Dos neo nazi-fascistas disfarçados de patriotas pós-modernos aos neo-hippies libertários. Há votos aos dois grupos (tanto apoiando, como desancando).
Destaco apenas dois dos comentários (de forma bem resumida e editada, pois são bem grandes. peço desculpas antecipadas por eventuais deslizes de tradução):
*Gerhard:
Jeder Ausländer darf Deutsche beschimpfen wie ihm das passt, vom anmachen deutscher Frauen noch ganz zu schweigen. Sie werden dafür in keinster Weise zur Rechenschaft gezogen. (...) Beim Brand eines Wohnhauses mit Türken als Bewohner darf sich sogar eine Verunglimpfung des gesamten deutschen Volkes durch Türken erlaubt werden. (...) Der abgebildete Türkenjunge ist ja wohl kein Deutschter? Betreibe ich jetzt Volksverhetzung?
Qualquer estrangeiro pode xingar alemães como quiser, pode se insinuar para mulheres alemãs. Por isso eles não vão ser responsabilizados de maneira alguma. Agora, se uma residência com moradores turcos pegar fogo, eles podem até depreciar todo o povo alemão (...) Esse jovem turco retratado não é considerado alemão? (ele nasceu na Alemanha e possui o passaporte alemão, nota minha). Então estou demonstrando ódio racial?
**Alex:
bayerische justiz war schon immer so und wird auch so bleiben. dieser fall wird nichts ändern.
ausländer egal ob mit deutschem pass, werden härter bestraft als richtige deutsche, ist so
leider. aber was sollte sich auch nur nach 60 jahren ändern??
A justiça bávara sempre foi assim e assim continuará. Esse caso não vai mudar nada. Os estrangeiros, não importa se portadores ou não da cidadania alemã, sempre serão mais duramente punidos do que os alemães de verdade, infelizmente é assim. Mas o que é mudaria somente 60 anos depois?
Em tempo: dois usuários votaram no primeiro depoimento. O primeiro voto considerou o depoimento como bom. O segundo, como ruim. Eu fui a segunda votante. Já em relação à opinião acima, há um empate técnico entre valorações positivas e negativas.
Em tempo, ainda: as eleições do último domingo na Áustria deram maioria aos social-democratas (cerca de 29%), MAS os partidos de extrema direita avançaram consideravelmente, conquistando um total de 29% - sendo 18,01% para o Partido da Liberdade (aquele do penúltimo post) e 10,98% para a Aliança para o Futuro da Áustria. Fonte: O Globo.
Medo, muito medo. De verdade. Como diria a Alex do comentário lá em cima, o que é que mudaria "apenas" 60 anos depois?
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Tem repórter no cinema

Projeto independente (leia-se: sem recursos), feito por puro diletantismo e um quê de insanidade, o sítio chega ao quinto ano em sua versão reloaded. Vocês até vão me perdoar por advogar em causa própria, pois é informação/entretenimento de qualidade.
Entre as novidades, tecnologia RSS, espaço para comentários livres dos leitores, blog 100% integrado, um sistema de buscas interativo e a opção de compartilhar todos os conteúdos em bookmarks sociais. Novas seções multimídia também estão no ar, com o recurso dos vídeos e podcasts. O site foi todo montado com a tecnologia Wordpress.
Em tempo: sou eu a camera girl que comanda (muito a contragosto) a filmagem das vídeocríticas. As risadas que, eventualmente, aparecerem nos podcasts também podem ser fruto do meu espírito de porco, como diria minha mãe. Ah, e também batizei o espaço com a pouco criativa, mas eficiente e decente, alcunha de Cinereporter. '
Tá bom, agora acabei o comercial. Acessem e depois me contem o que acharam, por favor. Inté.
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Deu no Süddeutsche Zeitung...
... de 19 de setembro de 2008.
Sobre Heinz-Christian Strache, chefe do Partido da Liberdade Austríaco (FPÖ) e candidato a chanceler da Áustria. É o baby face da foto acima:
"Desde a juventude ligado à extrema direita. Pretende abolir a rigorosa proibição à saudação nazista. Posiciona-se contrário a estrangeiros. E pode se tornar após as eleições ao parlamento deste domingo, na Áustria, junto com o seu partido (FPÖ - Partido da Liberdade Austríaco), a terceira maior força política no País." Matéria completa no link http://www.sueddeutsche.de/politik/904/310832/text/
Um homem, um povo e uma nação não podem ser taxados de culpados antes que se prove o contrário. Eu acredito na inteligência dos cidadãos austríacos. Espero não queimar a língua no domingo.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
sobre sectarismos, enfado e frases de efeito
Costumo não ser categórica ou levantar bandeiras em defesa do diploma de jornalista, não por não me preocupar com o tema (muito pelo contrário), mas simplesmente por não ter a mínima paciência em falar sobre o que para mim é tão óbvio, que chega a ser estúpido.
Eu já tive raiva, nos meus tempos de destempero, mas hoje chego a achar muito divertido assistir a contendas sobre a questão.

Aprendam com Pagu, crianças. É possível ser blasé sem ser insuportável
Voltando à celeuma: acredito que o que anda faltando ao ambiente acadêmico da Comunicação é respeito - verdadeiro, não o circunstancial - aos gostos, preferências e habilidades de cada um. Eu abomino os sectarismos, tão comuns aos programas de pós-graduação.
Se eu sou de uma linha, obrigatoriamente preciso lançar meu olhar aborrecido às outras. Se meu objeto é jornalismo, às favas com quem se dedica a pesquisar cinema, música ou congêneres. Deus meu, isso é pura idiotia.
Conheço gente que se nega a freqüentar determinadas disciplinas, mesmo sendo de interesse, pelo fato de que 'pegaria mal' entre seus pares. Tem neguinho que evita até as salutares e divertidíssimas conversas de corredor com colegas de outras linhas de pesquisa. Isso é ou não é uma aberração institucionalizada?
Já eu me permito gostar do que me der na telha. Jornalismo é meu tema, meu objeto e minha paixão, mas isso não me faz uma xiíta e nem me impede de ler, freqüentar e ter curiosidade acerca do que eu quiser.
O fato de determinado autor não casar com a minha pesquisa nunca foi impeditivo para que eu o lesse, comentasse e gostasse. E mais, que dominasse a teoria perfeitamente bem, se me permitem a ausência de modéstia. Se eu respeito todo mundo, por que não podem respeitar a minha vontade de querer pesquisar sobre a porcaria do fazer jornalístico?
Vivo há sete anos sob o mesmo teto com um cara que, academicamente falando, não tem qualquer afinidade teórico-bibliográfica comigo. Li todos os livros que ele tem nas estantes. Ele também consulta os meus. E ninguém vê o outro como 'menor' por caminhar por vieses teóricos tão distintos.
Recado do coração: ninguém é obrigado a comprar jornal, a acessar site noticioso ou a ler artigos acadêmicos sobre o jornalismo. Se alguém apresenta ânsia de vômito com tudo o que se relacione a essa temática, basta não ler, não acessar e não assistir. Seria apenas perda de tempo fazer algo a contragosto.
Por fim: deixem aos idiotas pueris e comezinhos como esta que vos tecla a tarefa inglória de se preocupar com uma tema tão abobalhado como o jornalismo. Assim, todo mundo fica feliz e deixa de perder tanto tempo com a vida alheia.
E garanto que, se quiserem discutir Truffaut comigo, terão uma interlocutora à altura. É que tenho um ótimo professor em casa.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
de quem é a criança?
domingo, 14 de setembro de 2008
matriz e filial

Com a contribuição de alguns leitores, a 'lista' de dez itens foi elaborada. Apresentei esta idéia de construção de matriz no congresso da Intercom, em Natal (no dia 05 de setembro), e a discussão rendeu ótimos frutos.
Ainda muitíssimo calcada em elementos empíricos, minha tarefa consiste agora em revestir os critérios de embasamentos teórico-científicos e, assim, reforçar a aplicabilidade dessa matriz. Segue, abaixo, a descrição dos três primeiros elementos:

Como diz a composição de Lúcio Cardim, "quem sou eu para ter direitos exclusivos sobre ela?". Entonces, espero contribuições de vossas senhorias para o incremento e reforço da nossa matriz de critérios de elementos de apuração no jornalismo.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
como quem partiu ou morreu

segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Aqui me tens de regresso...

quinta-feira, 3 de julho de 2008
Ao mundo, pois

domingo, 29 de junho de 2008
Descampado

sábado, 21 de junho de 2008
lendas urbanas não perecem
Circulou esta semana, na lista de discussão da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), um comentário interessantíssimo a respeito da crença e - do que é pior - propagação de lendas urbanas pela imprensa.
Muito recentemente, o Observatório de Imprensa noticiou sobre um texto que seria, supostamente, de autoria de uma publicação de Maceió, que trazia uma coleção de imprecisões e absurdos histórico-político-econômicos a respeito de Lisboa.
Por exemplo: "O curioso é que 2/3 da capital portuguesa desapareceram após a II Guerra Mundial, mas o primeiro ministro de então, Marquês de Pombal, providenciou a recuperação das ruínas, com orientação de excelentes arquitetos, preservando a originalidade das construções."
Essa história rola pelo menos há quatro anos, mas até agora ninguém conseguiu confirmar se o texto saiu mesmo na tal de revista alagoana e, o que é pior, se não se trata de uma piada com requintes de humor da mais alta estirpe. Se há jornalismo, o mínimo que se poderia fazer, antes de espalhar essas pérolas, é investigar.
Se não se encontrar comprovação, não haveria como vaticinar a autoria, a efetiva publicação e, muito menos, a veracidade desse trem.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Da Fuzarca

(Vinícius de Moraes)
Leão! Leão! Leão! Rugindo como um trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação
Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda
Leão longe, leão perto
Nas areias do deserto
Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro
Leão! Leão! Leão! És o rei da criação
Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna
Leão! Leão! Leão! Foi Deus quem te fez ou não
Leão! Leão! Leão! És o rei da criação
O salto do tigre é rápido
Como o raio, mas não há
Tigre no mundo que escape
Do salto que o leão dá
Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte
Pois bem, se ele vê o leão
Foge como um furacão
Leão! Leão! Leão! És o rei da criação
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não
Leão se esgueirando à espera
Da passagem de outra fera
Vem um tigre, como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranqüilo
O leão fica olhando aquilo
Quando se cansam, o leão
Mata um com cada mão
(Para não fugir da temática: a transmissão do jogo quase ter se limitado a mostrar, incessantemente, a torcida do Corinthians - enquanto o caldeirão da Ilha do Retiro fervia - foi no mínimo de amargar!)
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Clamor de inocência
Para ouvir ao som de:
Basta de clamares inocência (http://www.youtube.com/watch?v=8o6zm5wvcIM)
Composição: Cartola
Basta de clamares inocência
Eu sei todo o mal que a mim você fez
Você desconhece consciência
Só deseja o mal a quem o bem te fez
Basta, não ajoelhes, vá embora
Se estás arrependida
Vê se chora
Quando você partiu
Disseste chora, não chorei
Caprichosamente fui esquecendo
Que te amei
Hoje me encontras tão alegre e diferente
Jesus não castiga o filho que está inocente
Basta, não ajoelhes, vá embora
Se estás arrependida
Vê se chora
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Febre de juventude
E obrigada a André Simões, Bárbara Siebra, Glaucylayde Silva, Guilherme Carréra, Gustavo Maia, Luísa Ferreira, Rafaella Correia e Sofia Costa Rêgo (na edição) pela injeção de entusiasmo e pelo exemplo de jornalismo não-cordial.
terça-feira, 20 de maio de 2008
A opção da dúvida

Amanhã, a rotina se repete. Poderia ser comigo. Poderia ser com qualquer um que, abraçado ao jornalismo, vive no eterno embate entre a redação e a rua, entre a facilidade dos engenhos de busca e a aridez do confronto com o mundo lá fora. Sem falar do relógio, que não pára de correr.
O tempo, sempre implacável, é senhor e juiz do processo de formação da notícia. E foi para entender as razões, incluindo o ‘fator-relógio’, que pudessem explicar a mesmice dos temas abordados pelos jornais, os textos semelhantes, o uso abusivo de informações produzidas em assessorias de imprensa, que embarquei no mundo acadêmico, através de dissertação de mestrado batizada de CTRL+C CTRL+V: O Release nos Jornais Pernambucanos. Finalizada em 2005 no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, está sendo aprofundada e expandida com a minha pesquisa de Doutorado, Jornalismo Cordial.
O que me levou a pesquisar sobre o assunto tem origem, primordialmente, no fato de eu ter me reconhecido nos dois papéis – do assessor, que tem como principal compromisso mostrar o lado mais positivo de seu assessorado -, e do repórter, que se esquece do compromisso maior com o leitor ao oferecê-lo informações gestadas no interior de empresas, e que são repassadas com o menor teor crítico possível. Dessa forma, se há uma carapuça, ela certamente serviu também a mim. Procurei não usar, assim, a posição de pesquisadora como escudo contra minhas próprias constatações.
O foco da pesquisa inicial era chegar a caminhos que comprovassem se o uso de releases (matérias jornalísticas enviadas por assessorias de imprensa aos veículos de comunicação, com objetivo de divulgar fatos que envolvam as organizações assessoradas) nas redações era realmente prática corriqueira e realizada em excesso e, ainda, compreender o porquê desse ‘hábito’.
Ao longo da realização do trabalho, as hipóteses iniciais para o ‘copia e cola’ foram se apresentando – ritmo acelerado de trabalho, quadros funcionais reduzidos, busca e medo do ‘furo’ –, ao passo em que, isoladas, também não se configuravam como única explicação plausível para o que se tentava comprovar. Por que então os jornais têm feito tanto uso de informações oficiais como fonte única de informação? Confesso que, por dois anos, essa foi a cantilena dos meus dias e noites.
Os resultados que se apresentaram na catalogação dos releases enviados pela assessoria de imprensa da Universidade Federal de Pernambuco – estudo de caso que escolhi para a dissertação – serviram como exemplo de que se tem utilizado quantidade considerável de material de assessorias de comunicação nas redações, configurando-se como prova – ao menos em relação à amostragem pesquisada – de que as assessorias chegam a conduzir, em algumas edições, a produção jornalística brasileira.
No período de um mês, 66% de tudo o que foi publicado em jornais sobre a Universidade foram ‘provocados’ pelas estratégias de divulgação da assessoria. Mais ainda: 44,7% dos releases aproveitados foram veiculados com pouca ou mesmo nenhuma alteração, ou seja, a participação dos repórteres chegou a uma quase nulidade.
Diante do quadro que era apresentado, surgiu a suposição que uma espécie de conformismo estava se apoderando das redações e transformando o próprio modo de se fazer jornalismo. O dia-a-dia dos jornalistas e a dinâmica de trabalho estavam criando uma acomodação. Acomodação que leva o repórter a não contactar nem mesmo as fontes indicadas no release para confirmar as informações repassadas. Acomodação que instrui o profissional a não sair da redação para ir em busca de notícias, a ficar na dependência apenas de e-mails e, quando muito, telefonemas.
JORNALISTA CORDIAL - Numa tentativa de encontrar explicações para esse comportamento, a pesquisa tomou de empréstimo o conceito de ‘homem cordial’ de Sérgio Buarque de Holanda para descrever a persona do ‘jornalista cordial’ – uma categoria profissional que se caracteriza pelo não-cumprimento da função social de investigação e fiscalização, que opta por agradar a todos e evitar o conflito, esquivando-se de ir à busca das notícias onde elas realmente acontecem (na rua) e contentando-se em atuar como mero copiador de releases.
Seria muito simplista nomear ‘vilões e mocinhos’ na busca pelas causas do uso tão premente de informações oficiais como fonte única na imprensa. O repórter não poderá ser de imediato taxado de desleixado – pois que o profissional mal pago, com excesso de trabalho e prazos a cumprir, sem estímulo para capacitação profissional e, por isso mesmo, insatisfeito no trabalho, talvez não consiga se dedicar à qualidade das informações publicadas no seu jornal. Ao assessor, tampouco, deveria recair a ‘culpa’, uma vez que, salvo exceções, ele não terá o poder para decidir pelos editores e repórteres o que deverá ser a pauta do dia. Se as sugestões dos assessores viram notícia nos matutinos é porque assim o permitiram os jornalistas que trabalham nos veículos. O assessor, assim, só está fazendo – e competentemente – o seu trabalho.
É ao repórter que cabe a responsabilidade pelo texto que escreve e as informações que apura – ou deixa de apurar. A relação assessor versus jornalista ‘de batente’ nunca poderia ser apenas de parceria – o papel do segundo é checar, duvidar, investigar, escrever e melhorar o que escreveu. Se não, está fadado a transformar-se em mero copiador de releases.
Complexa e perigosa é a tentativa de vislumbrar soluções imediatas para o problema. Reformulações são necessárias, é certo, mas muito difíceis de serem implementadas a curto prazo, como mais tempo de apuração, investimento em capacitação profissional e (re)valorização da reportagem nos jornais. São medidas indispensáveis, mas que envolvem muito mais do que boa vontade dos profissionais.
O grande propósito do meu trabalho é que as considerações a que ele chegou - os jornais têm feito uma utilização excessiva de releases, de modo a depender deles para se pautar – sejam levadas ao conhecimento de quem faz parte desse ‘jogo’: repórteres, editores e assessores.
E, claro, há também o público. Único envolvido no imbróglio que ainda permanece desconhecendo a prática. Creditar a informação que vem das assessorias já seria um bom começo.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
o tempo e o vento
quarta-feira, 7 de maio de 2008
só por hoje...

é a primeira vez que ela me retrata de uma forma identificável (ao menos no que se refere aos parcos recursos de imaginação dos adultos). e ao lado do sol, que ela adora e saúda logo quando abre os olhinhos ao mundo, pela manhã.