terça-feira, 24 de março de 2009

Santo de casa


Assistindo a uma interessantíssima palestra, ontem, de um professor da Universidade de Provença (sul da França), a respeito de suas pesquisas sobre representações sociais, não pude conter a surpresa quando percebi que o corpus utilizado pelo pesquisador era em boa parte formado por material publicado na imprensa francesa.

Aí converso cá com os meus botões. Se outras áreas do conhecimento - nesse caso, psicologia social - transitam confortavelmente pela seara jornalística, onde reside mesmo o problema da área de comunicação, que tem resistido cada vez mais (ao menos neste Brasil varonil) a se debruçar sobre seus próprios objetos? Por que a comunicação na Academia resiste tanto em aguçar o olhar por sobre o jornalismo?

Mero preconceito? Ranço? Tentativa de fugir de um possível lugar-comum? Vontade, frustrada, de imprimir uma cientificidade além da normal, fugindo do próprio quintal (objetos e ferramentas comunicacionais) para avançar no quintal do vizinho (objetos outras e ferramentas, idem, caras a outras áreas do conhecimento)?

Ao final das contas, camaradas, acho que o problema reside mesmo num embate tão antigo quanto as paixões humanas. Aquele que fundamenta a máxima de que santo de casa quase nunca faz milagres.