quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Entre o copo e o cinzeiro

fonte: Der Spiegel"Se eu quiser beber eu bebo
Se eu quiser fumar eu fumo
Não me interessa mais ninguém
Se o meu passado foi lama
Hoje quem me difama
Viveu na lama também "
(trecho de 'Lama', de Arrigo Barnabé)


Duas questões de saúde e segurança públicas estão sendo tratadas sob vieses completamente diferentes por uma parcela da imprensa. Aqui, vou me ater à pernambucana.

Enquanto a questão da proibição do fumo em ambientes públicos é reservada aos cadernos de cotidiano, com a tônica de problema de vigilância sanitária, com foco no incentivo à resolução, a decisão de impedir a venda de bebidas alcoólicas nas rodovias federais virou fato econômico - sob a ótica de fechamento dos negócios e possível aumento no desemprego no setor. A exceção é de algumas matérias nos cadernos culturais, que trazem a discussão sobre o que chamam de "direitos dos fumantes em xeque".

A campanha contra a proibição de venda de bebidas é clara nos jornais. Os restaurantes vão quebrar, os garçons perderão emprego, as pessoas deixarão de ir aos estabelecimentos. Pelo discurso, o caos será instaurado na economia pernambucana com a manutenção da medida. O pandemônio, em suma.

Seguem algumas manchetes:

sobre a proibição de venda de bebidas nas estradas:
Lei seca ameaça empregos de bares e restaurantes - JC, 22/02
Editorial: os perigos da lei seca, JC, 16/02
Lei seca ameaça o turismo - JC, 09/02
OAB quer flexibilizar MP das medidas - DP, 21/02
Protesto de donos de bares interdita BR - 232 - DP, 21/02

sobre o fim do cigarro em estabelecimentos:
Cerco fechado aos fumantes - JC, 12/02
Bar que não punir fumo será multado - JC, 09/02
Proibido fumar! Reunião discute início das fiscalizações em bares - DP, 11/02

No meu entender, dois pesos e duas medidas estão sendo usados para lidar com o tema.

Esta semana, escutei até como argumento contra, numa entrevista para programa de TV, o "fato" que já houve afastamentos de funcionários temporários após o Carnaval. Mas não é verdade que, todos os anos, os temporários, como o próprio nome diz, são comumente contratados para o período de festas e, passado o reinado de Momo, logo dispensados? Por que agora a culpa é exclusivamente da falta de álcool às mesas dos estabelecimentos de beira de estrada?

E vocês, o que acham?

Para entender mais sobre o assunto:
Governo proíbe venda de bebibas alcoólicas em rodovias federais - G1, 21 de janeiro 08
Liminar libera venda de bebidas alcoólicas em rodovias do DF - Folha online, 01 de fevereiro 08
Venda de bebida à beira de estrada no Rio volta a ser proibida - Globo online, 26 de fevereiro 08

Nenhum comentário: