Faço meus os lamentos de Lupicínio Rodrigues
A ditadura do papel é mesmo um desatino na vida das moças e moços operários do jornalismo impresso. Pois vejam um caso que aconteceu na edição de sábado (05.01) do Jornal do Commercio, matutino localizado no Recife, misto de província e metrópole marginal, de onde vim e para onde sempre acabo retornando. De bom grado.
Como a sexta-feira havia sido bastante movimentada do ponto de vista noticioso, especialmente em relação aos assuntos urbanos (um caminhão invadiu uma lan house, matando duas pessoas e ferindo outras dez, por exemplo), sobrou apenas uma tripinha de página à matéria sobre uma grande varredura realizada no explosivo Presídio Aníbal Bruno.
Como acompanho de perto o competentíssimo* trabalho dos repórteres e editores do caderno de Cidades, imagino como não deve ter doído espremer tanto assunto num naquinho de nada de espaço. Principalmente quando se observa o que os policiais encontraram na apreensão: além dos tradicionais celulares, facas e barros de ferro, os PMs apreenderam sete ventiladores de teto e quase R$ 7 mil reais.
O montante estava, e aí vem a parte 'boa', em poder de um detento que é dono de uma das cantinas do presídio. Como assim, cantina? E preso pode ser comerciante dentro do presídio? Foi o que me perguntei no ato, e não obtive resposta, pois a nota só contava com 12 míseras linhas. Acredito que não fui a única a ter curiosidade em saber mais sobre o caso. E ficou por isso mesmo, tchau, adeus e bênção, que o jornal já está embrulhando peixe desde domingo.
*Antes que me acusem de rasgação de seda gratuita, ofereço de antemão a outra face e deixo claro que tenho, sim, orgulho de ter-me iniciado na seita jornalística naquela 'casa gráfica e editora', e que faço reverência, de joelhos e tudo, a muitos profissionais que trabalham no JC. Assim esclarecido, emendo que, na minha humilíssima opinião, faz-se por lá um dos melhores expoentes do jornalismo de investigação, vide, por exemplo, o pessoal do PEBodyCount. E tenho dito.
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