sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

em busca do repórter perdido

aparte toda a egotrip, Wolfe sempre vale a pena


"(...) Breslin fez uma descoberta revolucionária. Descobriu que era possível um colunista efetivamente sair do prédio, ir para a rua e fazer uma reportagem com suas próprias e legítimas pernas. Breslin ia ao editor local e perguntava que histórias e que tarefas estavam entrando, escolhia uma, saía, deixava o prédio, cobria a história como repórter e escrevia a respeito em sua coluna. (...) Por mais óbvio que isso possa parecer, esse sistema era algo inusitado entre colunistas de jornal, locais ou nacionais" (p.23 e 24).

WOLFE, Tom. Radical Chique e Novo Jornalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. ( originalmente publicado nas décadas de 60 e 70)


Quando levamos em conta que esse texto de Wolfe se referia a um comportamento jornalístico de ao menos quatro décadas atrás, faz-se necessário lembrar que, no 'modus operandi' dos repórteres, o descaso com a apuração não é algo de todo novo.

No entanto, mais significativo ainda é enxergar que essa ausência da prática investigativa continue tendo guarida nos dias contemporâneos.

Qualquer semelhança com a realidade de trabalho de alguns profissionais não será mera coincidência.

2 comentários:

Anônimo disse...

É, eu sei. Investigação e denúncia não fazem parte desse jornalismo sistematizado que se preocupa em fechar pautas, repassar releases e completar a página com ilustrações coloridas ou não. Cadê os Bob Woodwards e Carl Bernsteis da vida? Gente "com sede" e viciada em risco está fazendo falta em qualquer meio!

Fred

Anônimo disse...

Antes de mais nada, quero agradecer pelo post em resposta à minha pergunta. O terceiro ponto é, sem dúvida, o mais instigante ou, talvez, o menos óbvio. Vai ficar super bacana a tua tese se dedicada mais a ele. Em segundo lugar, lendo o trecho do livro de Wolf, lembrei de outros clássicos do Novo Jornalismo como, por exemplo, 'Hiroshima', que li após você ter indicado em sala de aula, ou 'A sangue frio', 'Chatô', enfim, os títulos são muitos. E ao lembrar de tais títulos me veio uma questão que queria dividir contigo: será que não falta mais Literatura nas redações? Será que a falta de apuração não é também decorrente da falta de preocupação com o texto em si e o cuidado estético que deveria existir com ele?