quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Tem repórter no cinema


No penúltimo post, citei en passant o 'cara' com quem divido o teto, a vida e duas lindas meninas. Cinéfilo, estudioso da arte/técnica cinematográfica e repórter de mão cheia (iniciou-se nessa vida tirana da profissão em jornal, e hoje 'pratica' o jornalismo na rede - não a de dormir, mas a de computadores), ainda encontra tempo para falar sobre o que mais gosta no Cinereporter.

Projeto independente (leia-se: sem recursos), feito por puro diletantismo e um quê de insanidade, o sítio chega ao quinto ano em sua versão reloaded. Vocês até vão me perdoar por advogar em causa própria, pois é informação/entretenimento de qualidade.

Entre as novidades, tecnologia RSS, espaço para comentários livres dos leitores, blog 100% integrado, um sistema de buscas interativo e a opção de compartilhar todos os conteúdos em bookmarks sociais. Novas seções multimídia também estão no ar, com o recurso dos vídeos e podcasts. O site foi todo montado com a tecnologia Wordpress.

Em tempo: sou eu a camera girl que comanda (muito a contragosto) a filmagem das vídeocríticas. As risadas que, eventualmente, aparecerem nos podcasts também podem ser fruto do meu espírito de porco, como diria minha mãe. Ah, e também batizei o espaço com a pouco criativa, mas eficiente e decente, alcunha de Cinereporter. '

Tá bom, agora acabei o comercial. Acessem e depois me contem o que acharam, por favor. Inté.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Deu no Süddeutsche Zeitung...

Quem vê cara, não vê suástica

... de 19 de setembro de 2008.

Sobre Heinz-Christian Strache, chefe do Partido da Liberdade Austríaco (FPÖ) e candidato a chanceler da Áustria. É o baby face da foto acima:

"Desde a juventude ligado à extrema direita. Pretende abolir a rigorosa proibição à saudação nazista. Posiciona-se contrário a estrangeiros. E pode se tornar após as eleições ao parlamento deste domingo, na Áustria, junto com o seu partido (FPÖ - Partido da Liberdade Austríaco), a terceira maior força política no País." Matéria completa no link http://www.sueddeutsche.de/politik/904/310832/text/

Um homem, um povo e uma nação não podem ser taxados de culpados antes que se prove o contrário. Eu acredito na inteligência dos cidadãos austríacos. Espero não queimar a língua no domingo.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

sobre sectarismos, enfado e frases de efeito

No fundo, o que todo detrator do jornalismo sempre quis ter foi um Pulitzer Prize na estante

"Born, not made". Com essa presteza retórica e aguçado senso de criação de verdades absolutas via frases bombásticas, o escritor John Dillon vociferava contra a iniciativa de criação do curso de jornalismo na Universidade do Missouri, nos EUA. Para ele, o jornalismo se assemelhava às atividades artísticas, como a poesia, cuja propensão e dom eram inatos. Portanto, nascia-se com eles, nada se aprendia ou se construía com o tempo. Isso em 1879.

Tempos depois, Joseph Pulitzer (hoje mais lembrado pela premiação homônima) rebatia com a mesma força de torpedo: "A única posição a que um homem pode triunfalmente chegar pelo simples fato de ter nascido é a de idiota".

Essa historieta é contada por Luís Beltrão na abertura de uma série de conferências ministradas em 1963, que culminaram com a obra "Métodos en la Enseñanza de la Técnica del Periodismo", editada pela Ciespal, no Equador.

Costumo não ser categórica ou levantar bandeiras em defesa do diploma de jornalista, não por não me preocupar com o tema (muito pelo contrário), mas simplesmente por não ter a mínima paciência em falar sobre o que para mim é tão óbvio, que chega a ser estúpido.

Como Sérgio Murilo, o atual presidente da Fenaj, disse ontem à primeira audiência pública sobre a proposta de (des)regulamentação da atividade, o jornalismo é a única profissão que é submetida a uma avaliação externa sobre a sua regularidade ou não. Se essa profissão-geni é tão malhada e 'odiada' aos quatro ventos, se, em bom português, não presta para nada a não ser embrulhar o peixe de amanhã, se não há propósito em existir, por que raios tanta gente se arvora em meter o bedelho?

Eu já tive raiva, nos meus tempos de destempero, mas hoje chego a achar muito divertido assistir a contendas sobre a questão.

De um lado, os defensores do diploma, já roucos de tanto repetir o que para eles é tão natural e claro (para mim também, podem me incluir nessa).

Do outro, a ala autointituladamente cult, pretensamente 'muderna', avessa e alérgica a toda e qualquer menção ao jornalismo - naturalmente, contra o jornalismo como curso universitário.

Gente que, salvaguardadas algumas poucas exceções, apesar de ter escolhido o jornalismo como profissão na época do vestibular e não ter desistido do curso, de muitas vezes ser bem pago pelo governo federal para ensinar jornalismo em graduações onde a concorrência por uma vaga é altíssima, incute na cabeça dos estudantes (desde os primeiros períodos) que o jornalismo é apenas uma atividade menor, braçal e irrisória, e que melhor fariam eles se esquecessem dessa idéia idiota e partissem para a pesquisa, às artes cinematográficas ou ao esporte de malhar os jornalistas.

Para piorar a cena, o cordão dos 'espanca-judas' é formado, na maioria das vezes, por jornalistas graduados que sequer passaram pelas cercanias de um veículo de comunicação. Gente que nunca pisou em redação - por decisão própria ou imposição do mercado, sabe-se lá.

E que são categóricos em afirmar que abominam a produção pobre da imprensa nacional, embora, não me perguntem o porquê, conseguem tecer críticas contundentes, ricamente fundamentadas, a toda e qualquer matéria que for veiculada em quaisquer jornal/tv/rádio/web daqui e d'alhures. Será que é fruto da cultura "não vi e não gostei", ou o povo é adepto a um masoquismo e se amarra em ler jornal para empobrecer seus nobres espíritos elevados?

Divirto-me ainda mais com os 'filhotes' pseudo-anárquicos, a horda de estudantes com ar blasé e eterna expressão de enfado, que desistem do jornalismo já aos primeiros semestres do curso, e que se metem a espancar o judas periodístico sem nunca, ever, never, terem se dado ao trabalho de se molhar um pouco de realidade, de ir às ruas e trazer de volta uma materinha de nada.

Pois que eles não se dariam ao desonroso trabalho de se preocupar com coisas tão cotidianas, comezinhas e irrelevantes às suas mentes superiores e privilegiadas. Pois que ser repórter é se rebaixar demais às coisas menores do mundo, e a rudeza das ruas não combina com o potencial intelectual exponencialmente superior que essas pessoas carregam desde o nascimento.


(pausa para respirar)




Aprendam com Pagu, crianças. É possível ser blasé sem ser insuportável

Voltando à celeuma: acredito que o que anda faltando ao ambiente acadêmico da Comunicação é respeito - verdadeiro, não o circunstancial - aos gostos, preferências e habilidades de cada um. Eu abomino os sectarismos, tão comuns aos programas de pós-graduação.

Se eu sou de uma linha, obrigatoriamente preciso lançar meu olhar aborrecido às outras. Se meu objeto é jornalismo, às favas com quem se dedica a pesquisar cinema, música ou congêneres. Deus meu, isso é pura idiotia.

Conheço gente que se nega a freqüentar determinadas disciplinas, mesmo sendo de interesse, pelo fato de que 'pegaria mal' entre seus pares. Tem neguinho que evita até as salutares e divertidíssimas conversas de corredor com colegas de outras linhas de pesquisa. Isso é ou não é uma aberração institucionalizada?

Já eu me permito gostar do que me der na telha. Jornalismo é meu tema, meu objeto e minha paixão, mas isso não me faz uma xiíta e nem me impede de ler, freqüentar e ter curiosidade acerca do que eu quiser.

O fato de determinado autor não casar com a minha pesquisa nunca foi impeditivo para que eu o lesse, comentasse e gostasse. E mais, que dominasse a teoria perfeitamente bem, se me permitem a ausência de modéstia. Se eu respeito todo mundo, por que não podem respeitar a minha vontade de querer pesquisar sobre a porcaria do fazer jornalístico?

Vivo há sete anos sob o mesmo teto com um cara que, academicamente falando, não tem qualquer afinidade teórico-bibliográfica comigo. Li todos os livros que ele tem nas estantes. Ele também consulta os meus. E ninguém vê o outro como 'menor' por caminhar por vieses teóricos tão distintos.

Recado do coração: ninguém é obrigado a comprar jornal, a acessar site noticioso ou a ler artigos acadêmicos sobre o jornalismo. Se alguém apresenta ânsia de vômito com tudo o que se relacione a essa temática, basta não ler, não acessar e não assistir. Seria apenas perda de tempo fazer algo a contragosto.

Por fim: deixem aos idiotas pueris e comezinhos como esta que vos tecla a tarefa inglória de se preocupar com uma tema tão abobalhado como o jornalismo. Assim, todo mundo fica feliz e deixa de perder tanto tempo com a vida alheia.

E garanto que, se quiserem discutir Truffaut comigo, terão uma interlocutora à altura. É que tenho um ótimo professor em casa.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

de quem é a criança?

o jornalismo não é tão feio quanto o pintam! ;)

Quem 'faz' os jornais hoje em dia? Quem indica as pautas e define a moldura dos textos? Participem da enquete aí ao lado, no canto superior à direita, sobre quem dá as cartas no jornalismo impresso contemporâneo. E aí, quem tem ingerência sobre essa criança?

domingo, 14 de setembro de 2008

matriz e filial


Em dezembro do ano passado, conforme devidamente registrado neste post, eu dava início a uma matriz de critérios que me orientassem acerca da definição sobre os elementos de apuração em textos jornalísticas.

Com a contribuição de alguns leitores, a 'lista' de dez itens foi elaborada. Apresentei esta idéia de construção de matriz no congresso da Intercom, em Natal (no dia 05 de setembro), e a discussão rendeu ótimos frutos.

Ainda muitíssimo calcada em elementos empíricos, minha tarefa consiste agora em revestir os critérios de embasamentos teórico-científicos e, assim, reforçar a aplicabilidade dessa matriz. Segue, abaixo, a descrição dos três primeiros elementos:

Como diz a composição de Lúcio Cardim, "quem sou eu para ter direitos exclusivos sobre ela?". Entonces, espero contribuições de vossas senhorias para o incremento e reforço da nossa matriz de critérios de elementos de apuração no jornalismo.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

como quem partiu ou morreu


hoje é daqueles dias em que me sinto mesmo numa roda-viva buarqueana, que me fez "estancar de repente" ao mesmo tempo em que "o mundo cresceu". amanhã passa. se tardar, é porque já passou e eu nem senti.

quando voltar à normalidade, o jornalismo torna a ser tema neste blog. hoje, perdoem-me, mas às favas com o fazer jornalístico, que eu quero mesmo é entrar debaixo do cobertor e só sair quando a tempestade for embora.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Aqui me tens de regresso...


Se alguém manteve a paciência e vez por outra acessou este espaço nos últimos dois meses, agradeço pela delicadeza e informo que voltei para ficar. Retornei à terrinha, retomei a pesquisa e os estudos, e a vontade de 'socializar' meus percalços e descobertas acadêmicas está maior do que nunca.

Hoje participei de uma conversa com Sylvia Moretzsohn, no auditório do PPGCOM da UFPE. Já tinha lido, de uma tacada só, a tese de doutorado (que virou livro) da pesquisadora - Pensando contra os fatos: Jornalismo e cotidiano, do senso comum ao senso crítico -, e foi como um soco de direita no estômago.

Acredito que ela entende o jornalismo da mesma maneira com a qual eu tenho pensado e encarado. O fazer jornalístico desvinculado dos maniqueísmos, que criam uma imagem, de um lado, de atividade extremamente constrangida e podada pelo 'sistema' e, por outro, de uma profissão liberta das amarras estruturais. Moretzsohn consegue enxergar instantes de 'fissuras', brechas nas quais é possível a realização de um trabalho criador e que pode contribuir para se alcançar o quimérico (?) esclarecimento do público. Recomendo a todos a leitura dessa obra, sobre a qual discutimos hoje.

Uma 'palhinha' da conversa pode ser conferida no sítio http://www.ufpe.br/jornalismo, um trabalho de cobertura feito pelos alunos de graduação em Jornalismo Luísa Ferreira, Guilherme Carréra, Diana Melo e André Simões (que, mais uma vez, se voluntariaram para fazer a cobertura em tempo real de um evento promovido pelo nosso Grupo de Pesquisa Jornalismo e Contemporaneidade).

Sobre esse 'jornalismo possível', gostaria muito de ouvir vocês. E aí, meu povo, vocês acham que dá para fazer jornalismo com as ferramentas, espaços, constrangimentos e restrições que temos atualmente? (ou melhor: que sempre tivemos)