terça-feira, 15 de abril de 2008

Eu me amo

"É porque Narciso acha feio o que não é espelho"


Resultados (parciais) de uma pesquisa que estou apenas começando: os jornalistas têm uma visão positiva acerca de si mesmos. Nas auto-representações da classe, há mais qualidades do que defeitos a serem ressaltados.

De acordo com recorrências de características que encontrei em matérias veiculadas sobre jornalistas (ou seja, quando o jornalista era a própria notícia), o processo de construção dessa auto-representação descreve o profissional da notícia como:

"Um importante ator social, que exerce o seu grande volume de trabalho numa rotina cansativa, com muito acesso às esferas de poder, e que conta para vencer os obstáculos (censura, pressão dos patrões) com uma boa dose de coragem, ousadia e espírito crítico, além de competência no que faz. Além disso, tem o privilégio de ser testemunha do seu tempo e da História".

Em suma: nóis sofre, mas nóis goza.

8 comentários:

LUIS TRANSMONTANO disse...

MUITO BOM O QUE VC ESCREVEU...

Adriana Santana disse...

obrigada, luis. e bem-vindo a este espaço. volte sempre!

Anônimo disse...

Eu também me amo! E se fosse me descrever, além de tudo que está no trecho, escreveria: linda, loira e japonesa. Tá bom, ou queres mais?

;)

Rodrigo Almeida disse...

Adriana, sou recém-mestrando em comunicação - entrei agora em 2008 - e compartilho de uma série de opiniões suas (e em alguns casos, constatações) expostas ao longo desse blog. Na verdade, já sabia da existência do seu trabalho através de comentários de professores e afins, mas só agora tive acesso direto a alguns de seus escritos.

Enfim... deixei esse comentário também, porque gostaria que, se fosse possível, você lesse esse meu texto: http://dissenso.wordpress.com/2007/12/27/editorial-dissenso/. Trata-se do editorial do blog onde publiquei os ensaios do meu projeto de conclusão de curso em jornalismo: ensaios que funcionavam como críticas de cinema ao mesmo tempo em que versavam sobre a própria crítica em si. O trabalho, enquanto conjunto, funciona como uma proposta de projeto crítico pessoal. Depois de apresentado (no final de janeiro 2008), abri o espaço e hoje conto com o apoio de alguns colaboradores.

Gostaria que você lesse esse texto, porque ele foi duramente criticado pela banca (em especial, pelo, digamos, mais 'jornalista' da banca): falaram que o texto era muito cruel com jornalismo, genérico, arrogante... e gostaria de saber sinceramente sua opinião. Sem cordialidades, ok?

abraços

Rodrigo Almeida disse...

E sim... lendo o texto hoje, consigo enxergar uma série de problemas nele, mas o objetivo do trabalho nem era criticar apenas o jornalismo (o editorial é 1 de 7 textos), mas eu precisava alfinetar em alguns momentos para deixar claro o que não pretendia repetir da prática e nada mais propício que fazer isso no editorial. Enfim, já me justifiquei demais.

Anônimo disse...

rodrigo, olá! vou acessar o blog e te escrevo em breve para conversarmos, ok? um abraço.

Anônimo disse...

"Cadê as reportagens sobre o caso? Os jornalistas não podem ser papagaios que repetem delegados e policiais, constituindo-se em megafones para os acusadores. A grande paixão do público deve ser a do conhecimento, a do entendimento, a de obter respostas para as perguntas clássicas de qualquer narrativa: quem fez o que, como, por que, para que etc."
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=481JDB002

Professora, tenho uma questão: tendo em vista o desejo da apuração, até onde o jornalismo pode fazer um papel de polícia? Até onde o jornalismo pode ir dentro do campo da polícia, se é que há limite...

um abraço,

Anônimo disse...

carolina, a questão não é simples, mas um ponto que você tocou é crucial: jornalismo não é atividade policial, tampouco judicial. não se investiga (no sentido policial do termo), não se julga e, principalmente, não se condena. no caso específico desse artigo no Observatório, concordo apenas em algumas partes. Naturalmente, ser repórter não é reproduzir o que se ouve das fontes. Mas também não deve se furtar a ouvi-las. As "verdadeiras reportagens", termo que o autor usou, estão sendo feitas à medida em que se tenta reconstruir a história, que se ouve 'personagens' a exaustão, que se entrega ao público informação - a trivial e além disso. no entanto, não se deve, não se pode, exigir do repórter modus operandi e poder de polícia e juiz. Pior ainda: de advogado de defesa ou acusação. Cláudio Abramo dizia que a ética do jornalista era a mesmíssima do marceneiro. Nós sempre, ou na maioria das vezes, sabemos quando se chega ao limite do aceitável. Tomara que eu tenha ajudado!